Motivados pela mensagem do Papa Bento XVI e aproveitando ser
este o Ano da Fé, decidimos trabalhar a nossa mensagem natalícia à volta dessa
mesma ideia, procurando desencadear em cada visitante uma reflexão acerca do
que é a fé e daquilo que o leva a seguir a Deus. O elemento que se destacava a
uma primeira vista, era uma fogueira, a fogueira da fé, que ilumina o percurso
e guia a nossa caminhada individual, mas que emana também calor, que nos
conforta e tranquiliza na noite escura ou nos momentos em que mais nos isolamos.
A fogueira alimenta e é alimentada por cada uma das cenas que se projectam à
sua volta, numa relação recíproca como é o dar e o receber. Junto à fogueira os
visitantes podiam ver momentos de provação de fé, onde o amor a Deus se sobrepôs
a qualquer desejo egoísta. Por sua vez, seriam igualmente confrontados com cenas
mais distantes da fogueira, onde o homem cedeu ao egoísmo, ao materialismo e,
até, à pura maldade.
Numa primeira estação podiamos ver duas cenas
pertencentes ao Antigo Testamento. Mais distante da fogueira, a representação
da história da “destruição de Sodoma”, a mostrar como o apego material e a
adoração de falsos deuses conduz à destruição e à desgraça. Por outro lado, na
cena mais próxima da fogueira observávamos a representação do nascimento de
Isaac. Nesta estação, a palavra em evidência era“Vigiar”. Ser um cristão
vigilante é estar atento aos sinais de Deus, sem perder a esperança e não se
deixando cair em tentação.
Numa segunda estação encontravam, junto à fogueira, a
representação do espanto de Moisés perante a sarça ardente que não se consumia.
Foi incumbido de salvar o seu povo e, perante o chamamento de Deus, Moisés
respondeu: “ Eis-me aqui”. Mais distante da fogueira, a representação da
entrega de Jesus à morte, por Pilatos. Perante um povo em fúria propõe-se a
soltar Jesus ou Barrabás, mas o povo ordena a sua crucificação. A palavra nesta estação era: “Palavra”. Foi através
desta que Deus se fez entender e a sua missão foi transformada em actos,
através do homem.
Na terceira estação, na cena mais próxima da fogueira, os visitantes
assistiam ao baptismo de Jesus, no Rio Jordão. Na cena mais distante, a prisão de S. João Batista a mando de Herodes, que temia que os
actos daquele provocassem a rebelião junto do povo. A palavra nesta estação era “Conversão”. Implica questionar a vida aproximando-a do exemplo deixado por Jesus.
Exige uma mudança de mentalidade, em ordem à vivência da partilha, da justiça e
do respeito pela dignidade humana.
Seguia-se, na quarta estação,
a representação da anunciação de Maria a Isabel, de que estaria grávida.
Isabel, mulher de Zacarias, sempre fora uma mulher de fé. Apesar de estéril,
Deus concedeu-lhe o dom da maternidade. Por sua vez, mais distante da fogueira,
assistia-se à crueldade de todos aqueles que se recusaram a acolher Maria,
grávida e cansada. A palavra sugerida pela estação era “Serviço”. Também
Maria serviu a Deus, acolhendo no útero o Seu Filho. Também o cristão
verdadeiro é aquele que confia em Deus e não põe em causa a Sua presença em
todos os momentos da vida: os bons e os menos bons.
Finalmente na gruta, encontravamos o
verdadeiro foco de irradiação da chama que alimentava a fogueira da Fé. Sem
o nascimento de Jesus não poderíamos nunca pensar o mundo nem o homem como o
conhecemos. Foi Ele, seguindo a vontade e a missão do Seu Pai, que veio à terra
para nos ensinar o que é o bem, a partilha, a justiça… Nascido sem luxos, numa
pobre manjedoura, iniciou um Reino, sem ouro, nem coroas, formou e educou os
seus seguidores e permitiu perpetuar aquela missão do Pai: “amai-vos uns aos
outros”. A palavra representada era “Encarnação”. Jesus veio à terra e, “para
nossa salvação, desceu dos céus e encarnou pelo Espírito Santo no seio da
Virgem Maria e se fez homem”.